segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

...

Deixo o meu medo sumir-se
sem esquecer que o senti
levo comigo a saudade pela solidão
e não quero voltar a tê-la
guardo-a num canto bem lá atrás
para que se perca no esquecimento
fecho a porta e escondo a chave
levo a vontade de um novo sentimento...
Amor pelo amor
quero só mais um
quero tê-lo sem receio de o viver
vivê-lo num intenso sabor
saborea-lo até perder o paladar
vivê-lo, lutar por ele sem dar tréguas
mudar o mundo para vê-lo
a caminhar comigo léguas...

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Sonho de dia para descansar de noite

Sonho de dia para descansar de noite.
Durante o dia sonho de coração aberto,
vejo-te ao longe mas quero-te perto.
De dia sonho o entrelaçar de dois corpos
nus a desfrutar a melodia do suor,
passo a mão pelo teu corpo, já o conheço de cor
bebo a noite toda de um trago,
durante a noite descanso acordado e penso em ti
e descanso este corpo amargurado, só podia ser assim.
Amargura-me a distância deste amor
quero vê-lo com a ânsia
de seres minha, só para mim
afinal passo os dias acordado
e não é sonho é verdade
já não durmo há um bocado
mas sou feliz a viver assim.
Amo-te de um só trago
como à noite, também o fiz
sem ter medo de ser apanhado
pela dor de ser feliz...

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Caminhos

Tornei a ver o medo
medo do desaparecimento
esquecer o que vivi...

Mudei para te ter perto
encontrei o enorme fragmento
o pedaço que perdi

Senti qual era o caminho
cheguei ao entroncamento
a saber que estavas ali...

Virei para o lado certo
com este enorme sentimento
virei-me para ti...

Esperei que te voltasses
na barriga o tormento
vejo-te mas não aqui

Chegaste perto
soltaste um lamento
"desculpa não te vi..."

Seguiste em frente
por dentro senti o desmoronamento
mas percebi...

triste disse-te adeus
Disse olá ao sofrimento
e aprendi...

Queres amar
queres sentir este momento
mas já não me queres sentir a mim...

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

A fonte, o embondeiro e o miúdo

Deixei de beber da fonte
que me dava vida
voltei-me para dentro
certo de que havia maneira
de levar meses sem sede.
No caminho que escolhi
fui parar ao mesmo sítio
mas a fonte que deixei
amargou, ficou ácida
de tristeza do abandono
daquele que a tornava plácida.

Larguei um novo embondeiro
que me enraizava na terra
forte, robusto, imponente
esfaquei-o mesmo no ventre
sem olhar o que me espera.
Desci o monte onde habitava
novo embondeiro a morrer
esqueci-me que tão forte planta
não morre tão fácilmente
mas o golpe era tão grande
estava enorme, ainda vertia
e o embondeiro dos meus sonhos
ensanguentado, e seco...desaparecia.

Miúdo sou por fugir da natureza
cresci no caos calmo da solidão
na tempestade, na confusão
e quando me deparei com a beleza
de uma fonte e um embondeiro
fugi de um medo que desconhecia
fugi de um amor verdadeiro...

Perdão

Quando pedes um perdão
é porque estás acabado
pedes por saber
que atiraste um dardo envenenado.

Mataste algum sentimento
enganaste-te pensando que saias
sem consequência
impune, livre, sem amarras
fizeste-o sem consciência

Quando queres ser perdoado
tentas tudo até ao fim
mas quando esse fim chega
desesperas por um sim...

mas sabes tão bem como os outros
que nestas coisas do amor
funciona outra cabeça
que por sofrer ou ter dor
desiste de ti...aconteça o que aconteça...

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

...

Quantas vezes tenho de errar
para aprender?
quantas vezes desespero
para aprender a amar.

Por vezes parece que acerto
vejo tudo claro.
Por vezes o coração não pensa
vejo tudo claro e desperto.

Claro que parece simples a equação
para quem nunca pensou o amor
Claro já aprendi a lição
para quem sempre usou a razão.

Troco a ordem das rimas e dos versos
porque cansei de pensar
escrevo como um louco estes traços
para te dedicar o meu amar
deixo-me levar pela mão
neste caderno vazio de tinta
encho-o como o meu coração
deixo que te sinta

Perdi o teu olhar para mim
calei a tua voz no meu ouvido
errei e perdi a flôr
a única que fazia sentido
o perto ficou mais longe
e deixei de fazer rima
largo a caneta e paro de escrever
porque já não te tenho, já não és minha.
Acabou-se a minha vida...

E assim acabo triste e abandonado,
assim como tu estiveste no passado
quando deixei de estar do teu lado
Aceito este triste destino
Aceito este triste momento
Aceito este triste fado.

O político

Não passo de um falastrão,
de um tagarela,
um aldrabão.

Chego cheio de palavras
digo pouco
ou quase nada

uso o dom do discurso
abuso do tom
e do som

Até interjeições sou capaz
de usá-las
sem respeito

corrompo o tema
com esquema
de quem aceita a mentira

Sou um sofista grego,
um manipulador,
um estripador da verdade

Não tenho medo de tema,
tempo de discurso
ou dilema

Eu uso tudo o que tenho
para, com engenho,
enganar o povo tacanho.